quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Bizeca apagou a luz...


No dia 6, poucos minutos após escrever o último post, recebi a notícia da morte do meu amado avô, José da Cruz.
A notícia me deixou muito, mas muito triste! Por saber que não o veríamos mais, que ele não contaria mais histórias pra Lia em sua cama, após a soneca (e que soneca!) da tarde, que não o pegaria mais em flagrante roubando doce na cozinha (ele tinha diabetes), não ouviríamos mais os seus discursos a cada encontro familiar, nos dizendo que nós éramos a sua riqueza, não o defenderíamos quando vovó brigasse com ele porque chegou tarde ppra almoçar (sem avisar e já tendo comido um pastel na rua), não receberíamos mais aquele sacão com poquinhas e tapiocas que ele nos dava todo mês, além das frutinhas para as bisnetas (a uva está um mel!), o agrado pra cada um como prova de amor e carinho...
Meu avô foi uma das pessoas mais generosas, humanas e caridosas que já conheci. Ele ajudou a todos nós nos momentos difíceis e tinha um grupo enorme de pessoas a quem fazia bem. Servia café aos funcionários do posto vizinho a sua casa, ao dono da banca de jornal, agia papelada dos idosos do grupo da terceira idade, doava mantimentos, dinheiro...ele e a minha avó são conhecidos por todos os mendigos da redondeza e a casa deles apesar de viver aberta, nunca sofreu um assalto e o meu avô, na única vez que teve sua carteira roubada na rua, a recebeu de volta com tudo dentro pouco depois, das mãos de um dos fregueses do cafezinho da casa dele, com um pedido de desculpas (não sabia que era o senhor, seu Zé!).
Ele adorava que a família se reunisse, apesar de ficar sempre recolhido no seu escritório quando estávamos em sua casa (mas reclamava quando não íamos lá!) e a nossa união era o seu maior orgulho.
Morreu dormindo, sem dor, sem estar doente, com um ar sereno e tranquilo. Foi uma morte bonita e sonhada por nós... Se é pra morrer, que seja doce...
Ele nos deixou belos exemplos de luta, trabalho, disposição, alegria, fé, amor ao próximo, e é claro, a certeza de que o investimento na educação é o que rende os maiores lucros na vida!
Morreu aos 85 anos, em plena saúde, fazendo suas caminhadas, suas compras e suas levadices, além de suas orações diárias por toda a família e suas declarações de amor a esposa.
Agora precisamos cuidar bem da nossa avó, que após 60 anos de dedicação e convivência, deve estar com um rombo no peito e um desespero de viver que nem sei, mas sei que o tempo é o melhor remédio e que a nossa presença constante também será fundamental...Pode contar conosco!
Apesar de triste e saudosa, tenho meu coração tranquilo, pois sei que dei toda atenção possível ao meu fofinho, assim como faço questão de dar a todos aqueles que amo.
Desde que nos mudamos de cidade programamos vindas mensais a Campos especialmente pelos bisos e ligo todos os dias para eles. Como meu avô, sei que minha família é a minha riqueza e acho fundamental o contato diário pra me sentir próxima a eles e dar todo o meu amor!
Sinto-me privilegiada por ter um avô como ele e sei que ele descansa em paz!
Te amamos, Bizeca!

"Custemo, mas cheguemo.
Num ganhemo, nem perdemo.
Empatemo.
Assinado,
Nicodemo."

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